quarta-feira, 25 de março de 2009

Suplica

A tanto tempo eu não escrevo...
Estou sem coragem pra te amar.
Com medo da sua causa,
sem saber se exite pra que.
Tentando não pensar, querendo evitar, salvar.
A minha falta de fé e o seu excesso de lamuria
reflexo da dor, carencia...
Suposiçoes.
E os meus bracos nao te alcançam
e eu não te interesso
e o que te encanta me enoja
o que te chama me afasta
tão tão distante...
e nao estava nos meus planos
eu te via tão feliz.
o que pra mim é ser feliz.
O meu medo de morrer.
a sua ousadia pra viver.
sera que comunica?
vc comunica?
Pára pra pensar,
faz um diario
estuda ingles
da um volta no quarteirão
faz a cama
liga pra mim
arruma um trabalho
toma um cha
acalma o coração
dorme,
toma um remedio pra dormir
reza
vai a igreja
no terreiro
adota um cachorro
me salva
te livra do que faz mal
pro corpo
pra cabeça
pro bolso
se alimenta de amor
come da comida que a sua mae deixa la no fogao e prepara sabe la que horas pra você nao ter fome
da valor
sonha meu amor
dorme meu filho, que é tudo ilusao, farsa, fantasia.
Axé.
Que seja doce.

domingo, 8 de março de 2009

Domingo.

Ela acorda. Calor. O ventilador range. Pede folga. Abre os olhos no susto. Alguem diz: eu preciso que você acorde pra ligar pro corretor. Domingo. Nem tão calor. Vezenquando faz frio. Na coluna.
Caderno Boa Chance. Procura-se atriz para encenar peça. Passagem. As pessoas passam por traz dela. Desoncentra. Querendo o amanha e o depois. Hoje: cronometrado, organizado. Tentativa de estabelecer uma rotina. Vida. A vida começando, cotinuando, acontecendo. E ela? Esperando a Boa Chance de viver. Viver em paz na cidade maravilhosa, que nem tão maravilhosa é assim. Pessoas mal educadas. E ela que foi sempre tão estupida. Atrevida, nem se atreve a reclamar. Escuta. Nao fala. Fala pouco. A noite solta umas palavras pra não esquecer como se diz. Chora. Molha o rosto com lagrima salgada que sai do olho, passa pelos cilios, ao lado do nariz e cai nos labios. Engole. Gosto ruim na boca. Chora. Bebe agua. Reza. Ela dorme.

quarta-feira, 4 de março de 2009

no elevador do filho de Deus

A gente tem que morrer tantas vezes durante a vida Que eu já tô ficando craque em ressurreição. Bobeou eu tô morrendo Na minha extrema pulsão Na minha extrema-unção Na minha extrema menção de acordar viva todo dia Há dores que sinceramente eu não resolvo sinceramente sucumbo Há nós que não dissolvo e me torno moribundo de doer daquele corte do haver sangramento e forte que vem no mesmo malote das coisas queridas Vem dentro dos amores dentro das perdas de coisas antes possuídas dentro das alegrias havidas Há porradas que não tem saída há um monte de "não era isso que eu queria" Outro dia, acabei de morrer depois de uma crise sobre o existencialismo 3º mundo, ideologia e inflação... E quando penso que não me vejo ressurgida no banheiro feito punheteiro de chuveiro Sem cor, sem fala nem informática nem cabala eu era uma espécie de Lázara poeta ressucitada passaporte sem mala com destino de nada! A gente tem que morrer tantas vezes durante a vida ensaiar mil vezes a séria despedida a morte real do gastamento do corpo a coisa mal resolvida daquela morte florida cheia de pêsames nos ombros dos parentes chorosos cheio do sorriso culpado dos inimigos invejosos que já to ficando especialista em renascimento Hoje, praticamente, eu morro quando quero: às vezes só porque não foi um bom desfecho ou porque eu não concordo Ou uma bela puxada no tapete ou porque eu mesma me enrolo Não dá outra: tiro o chinelo... E dou uma morrida! Não atendo telefone, campainha... Fico aí camisolenta em estado de éter nem zangada, nem histérica, nem puta da vida! Tô nocauteada, tô morrida! Morte cotidiana é boa porque além de ser uma pausa não tem aquela ansiedade para entrar em cena É uma espécie de venda uma espécie de encomenda que a gente faz pra ter depois ter um produto com maior resistência onde a gente se recolhe (e quem não assume nega) e fica feito a justiça: cega Depois acorda bela corta os cabelos muda a maquiagem reinventa modelos reencontra os amigos que fazem a velha e merecida pergunta ao teu eu: "Onde cê tava? Tava sumida, morreu?" E a gente com aquela cara de fantasma moderno, de expersona falida: - Não, tava só deprimida.

segunda-feira, 2 de março de 2009

frigideira.

Calor. Cabeça, quente, muito quente. Começo a dar os primeiros passos. Ja em terra. Ou melhor areia, sem mato entre as pedras. Sem perigo de cair, tropeçar. Afunda. Os pes na areia quente buscam agua, refresco. O novo. O esperado e assustador, ovo. Aquele que tem que quebrar, fazer esforço, destruir pra nascer. Deixar a casca. Jogar fora. Ir embora. Voltei. Da abstração. Da ilusão. E se não fosse assim como seria... e se nao fosse. E eu queria tanto. Vou dormir hoje, sem saber o que fazer amanha. Sem esperar amanha. Se eu dormir. Se você me deixar dormir.

E tanto tempo tera passado, depois que que tudo se tornara cotidiano e a minha ausencia, presente não tera mais nenhuma importancia. um ovo apodrecendo em silencio.